Por quase oito décadas, a Europa contou com o poder militar dos Estados Unidos como um escudo contra ameaças externas. Agora, essa proteção pode estar se desfazendo. Com a incerteza sobre o compromisso americano com a OTAN, o continente encara uma dura realidade: se a guerra vier, conseguirá se defender sozinho?
O Crescente Poder Militar da Rússia
Desde a invasão da Ucrânia, a Rússia tem expandido suas forças militares de forma agressiva. Segundo um relatório conjunto dos think tanks Bruegel e Kiel Institute for the World Economy, um ataque russo a um país da União Europeia não é mais uma possibilidade distante.
Países como a Dinamarca já tomaram medidas, aumentando o orçamento de defesa em 70% após alertas da inteligência de que Moscou pode intensificar hostilidades nos próximos meses. A ameaça não está no futuro — está batendo à porta.
O Fator EUA: 300 Mil Razões Para Preocupar
Hoje, cerca de 100 mil soldados americanos estão estacionados na Europa, com planos de reforço de mais 200 mil em caso de guerra. O problema? Não é só a quantidade, mas a qualidade.
O relatório destaca que 300 mil soldados americanos têm poder de combate muito superior ao mesmo número de tropas europeias dispersas em 29 exércitos diferentes. Os EUA operam sob um comando unificado, com inteligência espacial avançada e aviação de longo alcance — ferramentas que a Europa simplesmente não possui.
Para preencher essa lacuna, o continente precisaria recrutar pelo menos 300 mil soldados adicionais e melhorar drasticamente sua coordenação militar.
O Preço da Independência Militar
Autossuficiência militar custa caro. Segundo estimativas, a Europa precisaria investir €250 bilhões extras por ano, elevando o gasto com defesa para 3,5% do PIB. Isso significa dinheiro para armas, transporte, comunicação e inteligência militar.
Mas quem vai pagar essa conta? Uma das propostas é a criação de um fundo de defesa europeu, semelhante ao que foi feito na pandemia da Covid-19. Outros sugerem que o Banco Europeu de Investimento financie projetos militares, mas ainda há resistência política.
Polônia: A Nova Potência Militar da OTAN
Se tem um país que não está esperando sentado, é a Polônia. Com um orçamento militar que já alcança 4,7% do PIB, é hoje o segundo maior investidor em defesa na OTAN, atrás apenas dos EUA.
Além de adquirir tanques M1 Abrams e caças F-35, Varsóvia garantiu 8 mil soldados americanos estacionados permanentemente. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, chamou a Polônia de “aliado modelo” e um exemplo de como os países europeus devem se preparar.
Além disso, os poloneses querem se tornar o centro logístico da OTAN, firmando parcerias para produzir mais munição e armamentos no leste europeu.
OTAN Reage: Exercícios Militares em Grande Escala
Com as incertezas sobre os EUA, a OTAN intensificou sua presença no leste europeu. O exercício Steadfast Dart 2025, com 10 mil soldados de nove nações, já está em andamento na Romênia, Bulgária e Grécia.
O objetivo? Testar a rapidez de resposta da aliança em caso de conflito. O novo grupo de prontidão rápida da OTAN, liderado pelo Reino Unido, promete mobilizar tropas em até 10 dias se houver uma ameaça real.
O comandante da Força Conjunta da OTAN, almirante Stuart B. Munsch, foi direto:
“As ameaças à OTAN são cada vez mais complexas e imprevisíveis. Estamos preparados para defender cada centímetro do território da aliança.”
A Europa Está Sozinha?
Durante uma visita à Polônia, o secretário de Defesa dos EUA fez um alerta nada sutil:
“Agora é a hora de investir, porque não dá para garantir que a presença americana será eterna.”
O recado foi ouvido alto e claro. Sem garantias de apoio militar dos EUA, a França já convocou uma reunião emergencial com líderes da Alemanha, Reino Unido e outros países da UE para discutir uma estratégia de defesa independente de Washington.
5 Impactos Práticos Dessa Situação
- Aumento de gastos militares – Países europeus terão que investir bilhões em defesa.
- Nova corrida armamentista – A compra de armas, tanques e caças deve crescer rapidamente.
- Reorganização da OTAN – A Europa pode criar uma estrutura militar menos dependente dos EUA.
- Tensões políticas internas – Nem todos os países europeus querem gastar mais com defesa.
- Polônia como potência militar – Varsóvia pode se tornar a nova liderança militar da Europa.
E Agora?
O relógio está correndo, e a Europa precisa decidir se assume as rédeas da sua própria segurança ou se corre o risco de ser pega de surpresa. A Rússia não espera. A OTAN está se ajustando. Mas será que os líderes europeus vão agir a tempo?
Fonte: Economictimes