A guerra comercial entre China e Estados Unidos acaba de ganhar mais um capítulo. Depois que o presidente Donald Trump aumentou as tarifas sobre produtos chineses em 10%, a China não perdeu tempo e levou o caso para a Organização Mundial do Comércio (OMC), acusando os EUA de impor barreiras "discriminatórias e protecionistas".
Mas essa disputa não é só sobre dinheiro. Trump justificou os novos impostos alegando que a China tem culpa na crise de opioides nos EUA, supostamente facilitando o comércio de fentanil. Pequim, por sua vez, rebateu com força, chamando as acusações de "infundadas e falsas".
O efeito dominó das tarifas
As tarifas de Trump fazem parte de uma estratégia maior: ele quer reduzir o déficit comercial dos EUA, forçando empresas a fabricar dentro do país. O problema é que essa tática tem um efeito colateral perigoso. Com o aumento dos impostos sobre produtos estrangeiros, empresas americanas ficam na dúvida sobre investimentos, repassam custos para os consumidores e deixam a economia no escuro sobre o futuro.
E o mercado já sentiu o impacto. Em dezembro, as importações americanas atingiram um recorde histórico, chegando a US$ 293,1 bilhões. O motivo? Empresas correram para garantir estoques antes que os novos impostos entrassem em vigor. Como resultado, o déficit comercial dos EUA atingiu o maior nível em quase dois anos.
China responde na mesma moeda
Se os EUA achavam que Pequim ia ficar quieta, estavam enganados. Além de levar o caso à OMC, a China revidou com novas tarifas sobre produtos americanos e abriu uma investigação contra o Google por práticas anticompetitivas. E parece que a Apple pode ser a próxima da lista.
A rapidez com que a China reagiu mostra que Pequim está preparada para essa batalha. Enquanto isso, a OMC tem 60 dias para tentar resolver o impasse, mas o cenário não é dos mais animadores. Afinal, os EUA já ignoraram decisões anteriores da organização sobre tarifas de aço e alumínio.
O que acontece agora?
Trump quer ampliar as tarifas para outros países, incluindo Canadá, México e União Europeia. A questão é: até que ponto essa estratégia será sustentável? A curto prazo, algumas gigantes chinesas como Shein e Temu devem sentir o golpe, já que perderão a vantagem de vender produtos baratinhos nos EUA. Mas para a economia chinesa como um todo, especialistas acreditam que o impacto será controlável.
E enquanto os governos brigam, o consumidor comum fica preso no meio desse fogo cruzado, sem saber quando e como isso vai pesar no bolso.
O impacto disso na sua vida
- Produtos importados podem ficar mais caros. Com tarifas mais altas, empresas podem repassar os custos para os consumidores.
- Empresas podem adiar investimentos. A incerteza no comércio global pode desacelerar a economia.
- Marcas chinesas podem perder espaço. Empresas como Shein e Temu terão dificuldades para manter preços baixos.
- Tecnologia pode ser afetada. Investigações contra Apple e Google podem mudar o mercado de aplicativos e dispositivos.
- O conflito pode se espalhar. Se Trump ampliar as tarifas para outros países, os impactos podem ser ainda maiores.
A guerra comercial continua, e quem paga a conta, no fim das contas, pode ser você.
Fonte: BBC