China fecha a torneira: restrições na exportação de minerais estratégicos sacodem o mercado global

O dragão asiático mexeu no tabuleiro – e o mundo está de olho. Na última terça-feira, a China anunciou um novo pacote de restrições na exportação de metais estratégicos, fundamentais para setores que vão da defesa à energia limpa. O anúncio veio minutos depois de os Estados Unidos aplicarem uma nova tarifa de 10% sobre produtos chineses, em mais um capítulo da crescente disputa comercial entre as duas potências.

Essa jogada não é novidade. Pequim já vinha apertando as rédeas sobre a venda de minerais críticos há algum tempo, usando sua supremacia no setor como carta na manga. Agora, empresas ocidentais correm contra o relógio para encontrar novas formas de garantir o abastecimento dessas matérias-primas essenciais.

A seguir, um resumo dos minerais que entraram no radar da China desde 2023:

1. Tecnologia para baterias, lítio e gálio

Em janeiro, o governo chinês propôs limitar a exportação de tecnologias avançadas usadas na fabricação de baterias de última geração e no processamento de lítio e gálio. O prazo para consulta pública terminou em fevereiro, mas ainda não se sabe exatamente quando as novas regras entrarão em vigor.

2. Antimônio, gálio e germânio

O acesso a esses três metais críticos já vinha sendo dificultado, mas Pequim resolveu subir o tom: anunciou um bloqueio total das exportações para os Estados Unidos, como resposta às sanções americanas contra o setor de semicondutores chinês.

Mesmo para outros países, como Japão, Índia e Coreia do Sul, a exportação de antimônio – metal estratégico para retardantes de chamas, equipamentos solares e munições – tem sido uma novela. Três meses após a exigência de licenças para envio do material, as remessas mal começaram a ser retomadas.

A China domina a cadeia produtiva desses minerais, refinando entre 50% e 90% da oferta global – um monopólio que agora se tornou uma peça-chave na sua estratégia geopolítica.

3. Tecnologia para ímãs de terras raras

Em dezembro de 2023, Pequim apertou ainda mais as regras sobre a exportação de tecnologia usada na fabricação de ímãs de terras raras, essenciais para motores elétricos, turbinas eólicas e dispositivos eletrônicos.

Esses 17 elementos químicos são abundantes na crosta terrestre, mas o problema é refiná-los. O processo é tecnicamente complexo e ambientalmente agressivo – algo que a China domina com maestria. Resultado? O país controla cerca de 90% da produção global desses materiais processados.

4. Grafite

Em outubro de 2023, a China decretou que alguns produtos de grafite precisariam de permissão especial para exportação, alegando preocupações com a segurança nacional.

O impacto? Gigantesco. O país não só é o maior produtor e exportador de grafite do mundo, mas também refina mais de 90% do grafite usado em todas as baterias de veículos elétricos. Sem esse insumo, o setor de carros elétricos pode sofrer um baque significativo.


O que isso significa?

O movimento da China não é só uma questão econômica – é uma jogada estratégica. Ao restringir o acesso a esses minerais essenciais, o país está enviando um recado claro para o Ocidente: se querem cortar nossos avanços tecnológicos, nós podemos revidar fechando o fluxo de recursos críticos.

O que vem a seguir? Empresas de todo o mundo já estão tentando diversificar suas cadeias de suprimentos, buscando alternativas à dependência chinesa. Mas isso não acontece do dia para a noite. Refinar minerais críticos é caro, difícil e leva tempo.

Enquanto isso, o jogo geopolítico continua. E uma coisa é certa: quem controla os minerais, controla o futuro.

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