EU Quer Reduzir Tarifas para Evitar Guerra Comercial com os EUA

American Jeeps at a Milan dealership. In 2022 the EU imported just 271,476 vehicles from the US, worth €8.7bn © Alessandro Garofalo/Reuters

As engrenagens do comércio global nunca param de girar, mas às vezes rangem – e agora, o barulho vem da Europa. Para evitar um embate econômico com Donald Trump, a União Europeia está preparando uma cartada ousada: cortar tarifas sobre carros importados dos EUA.

A lógica é simples. Hoje, a Europa cobra 10% de imposto sobre veículos americanos, enquanto os EUA taxam os europeus com apenas 2,5%. O plano é diminuir essa diferença, esfriar os ânimos e, quem sabe, evitar que uma guerra comercial saia do papel e vire um problema real.

Mas será que isso resolve? Ou estamos só adiando o inevitável?

Um jogo de xadrez econômico

O anúncio veio de Bernd Lange, chefe do comitê de comércio do Parlamento Europeu. Segundo ele, a UE quer evitar um aumento de tarifas e custos, o que poderia gerar um efeito cascata em toda a economia. Além de cortar impostos sobre os carros, a Europa também pretende comprar mais gás natural liquefeito e equipamentos militares dos EUA.

O motivo? Trump sempre enxergou o superávit comercial da UE como um problema. Durante seu primeiro mandato, ele já tinha jogado pressão em cima de Bruxelas, dizendo que os europeus não compram carros e produtos agrícolas americanos, mas vendem de tudo nos EUA.

Na época, a Europa cedeu um pouco – baixou tarifas sobre lagostas (sim, lagostas!) e aumentou a compra de soja e gás natural. O objetivo? Evitar que o atrito se transformasse em um barril de pólvora econômico. Agora, a história se repete, mas com um ingrediente extra: a ameaça de novas sanções contra o setor de tecnologia dos EUA.

Carros, China e um jogo perigoso

Não são só os americanos que podem se beneficiar. Se a UE reduzir as tarifas, a medida terá que valer também para China e outros países, seguindo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Mas aí vem a pegadinha: os carros chineses já sofrem tarifas extras de até 35% na Europa, por conta dos subsídios de Pequim. Ou seja, mesmo que a porta se abra para os EUA, a China não vai conseguir aproveitar tanto assim a brecha.

Montadoras como BMW e Mercedes já levantaram bandeira branca, dizendo que querem tarifas mais baixas para evitar possíveis retaliações. Afinal, em 2022, a UE exportou 738 mil carros para os EUA, enquanto os americanos venderam apenas 271 mil veículos para o bloco europeu. A balança pende para um lado só – e Trump não gosta nada disso.

A carta na manga da Europa

Se as negociações azedarem, a UE já tem um trunfo no bolso. Após os embates do primeiro mandato de Trump, Bruxelas criou um mecanismo chamado Instrumento Anti-Coerção (ACI). O nome é burocrático, mas a função é simples: permitir que a Europa devolva qualquer golpe econômico na mesma moeda.

Bernd Lange foi direto ao ponto: "Às vezes, é importante ter uma arma sobre a mesa."

E que arma seria essa? Basicamente, sanções contra as gigantes da tecnologia dos EUA – Google, Meta, X e outras. A UE poderia, por exemplo, suspender direitos de propriedade intelectual, permitindo o uso gratuito de softwares americanos, ou até taxar serviços de streaming e outras plataformas digitais.

O plano é arriscado, mas tem precedente. Quando Trump subiu as tarifas para 25% contra Canadá e México, os dois países revidaram na hora – e Trump recuou 30 dias depois. Agora, a UE acredita que pode usar a mesma estratégia, mas em escala muito maior.

E agora?

As negociações ainda estão rolando, mas uma coisa é certa: ninguém quer uma guerra comercial. No entanto, se Trump insistir na ideia de punir a Europa, Bruxelas já deixou claro que não ficará parada.


Impactos disso na vida das pessoas

  1. Carros importados podem ficar mais baratos – Se a UE realmente reduzir tarifas, modelos americanos podem cair de preço.
  2. Preços de produtos americanos podem mudar – Dependendo da negociação, pode haver novas taxas sobre serviços digitais como streaming e redes sociais.
  3. O mercado automotivo pode se mexer – Montadoras europeias querem mais acesso ao mercado dos EUA, o que pode mudar preços e ofertas.
  4. Guerra comercial ainda é um risco – Se Trump resolver impor tarifas, os europeus devem responder na mesma moeda, criando instabilidade.
  5. Tecnologia na mira – Empresas como Google e Meta podem ser alvos de sanções na Europa, afetando serviços e investimentos no setor digital.

A batalha ainda não começou – mas as peças já estão no tabuleiro.

Fonte: FT

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