Governo Britânico Vai Apostar £22 Bilhões em Tecnologia Verde – Mas Quem Vai Pagar a Conta?

Norway is one of the few countries globally with scaled carbon capture and storage facilities

O futuro da energia limpa no Reino Unido pode estar prestes a dar um grande salto – ou a tropeçar antes mesmo de sair do chão. O governo decidiu investir £22 bilhões em captura e armazenamento de carbono (CCUS), uma tecnologia que promete reduzir os gases que aquecem o planeta.

Mas tem um problema. Na verdade, dois. O primeiro: essa tecnologia ainda não provou que pode funcionar em larga escala no país. O segundo: três quartos dessa grana sairá diretamente das contas de energia dos consumidores.

Então, a pergunta que está no ar: isso é uma solução revolucionária ou só mais uma conta salgada para o bolso da população?

O que é essa tecnologia e por que o governo aposta nela?

O conceito é simples – na teoria. Em vez de deixar o CO₂ voar livremente para a atmosfera, indústrias capturam o gás e o enterram bem fundo no subsolo. Menos carbono no ar, menos impacto no aquecimento global.

A lógica por trás do investimento também faz sentido. O Reino Unido tem um plano ambicioso de zerar suas emissões até 2050. E algumas indústrias, como a do cimento e da siderurgia, ainda não têm alternativas limpas viáveis. A captura de carbono seria um bote salva-vidas para esses setores.

A própria ONU e o comitê climático do Reino Unido defendem o CCUS como peça-chave para alcançar essa meta. Mas e aí, se todo mundo concorda, por que tanta polêmica?

BBC

Uma conta que ninguém quer pagar

O problema não é só o preço – é quem vai pagar essa festa. Segundo um relatório do Comitê de Contas Públicas, o governo não avaliou direito o impacto que isso pode ter nas contas de luz das famílias e das empresas.

Para piorar, apesar dos bilhões injetados, não há garantia de que a população verá os benefícios. O governo já fechou contratos com empresas que desenvolvem essa tecnologia, mas não assegurou que parte dos lucros retorne para o público. Se fosse um investimento privado, qualquer investidor esperaria um bom retorno. Mas, quando é o dinheiro do contribuinte, parece que a lógica some.

Mas essa tecnologia realmente funciona?

Essa é uma daquelas perguntas que ninguém gosta de responder com certeza.

O Reino Unido ainda não tem nenhum projeto de CCUS em operação. Mas o mundo já tem 45 instalações comerciais funcionando, capturando cerca de 50 milhões de toneladas de CO₂ por ano. Há mais de 700 projetos em desenvolvimento, segundo a Agência Internacional de Energia.

Ou seja, não é um tiro no escuro, mas também não é um passe livre para o futuro sustentável. Ainda há dúvidas sobre o custo, a eficiência e a viabilidade de expandir a tecnologia.

O governo pode mudar o plano?

A recomendação dos especialistas é clara: antes de jogar mais dinheiro nesse projeto, é preciso garantir que os consumidores não fiquem no prejuízo.

O comitê sugeriu que qualquer investimento futuro inclua um mecanismo de compartilhamento de lucros, garantindo que, se a tecnologia der certo, o dinheiro também volte para a população – e não só para os bolsos das empresas envolvidas.

Alguns especialistas defendem outra abordagem: obrigar empresas de combustíveis fósseis a armazenar parte do CO₂ que produzem. Assim, elas teriam responsabilidade direta, sem empurrar os custos para o público.

O governo, por sua vez, diz que esse investimento deve atrair mais £8 bilhões do setor privado nos próximos 25 anos. Mas até lá, quem garante que os consumidores não vão continuar pagando essa conta sozinhos?


O impacto disso na vida das pessoas

  1. Contas de luz podem subir – Sem um plano sólido, os consumidores podem acabar pagando por essa aposta.
  2. Tecnologia promissora, mas ainda incerta – Se der certo, pode ajudar o meio ambiente. Se não, pode ser um desperdício bilionário.
  3. Empregos e investimentos – O projeto pode gerar empregos e atrair investimentos privados para o setor de energia.
  4. Setores poluentes continuam respirando – Indústrias que não têm alternativas limpas podem continuar operando, sem serem forçadas a mudar de estratégia.
  5. O poder das grandes empresas cresce – Se não houver um modelo de divisão de lucros, só corporações vão se beneficiar dessa nova economia verde.

A corrida para salvar o planeta já começou – mas o preço desse ingresso ainda está indefinido.

Fonte: BBC

Postar um comentário