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Techcrunch |
No tabuleiro da medicina moderna, onde a batalha contra o câncer se intensifica a cada dia, uma peça essencial começa a rarear: os isótopos nucleares usados nos exames médicos. Com a poluição e os hábitos de vida acelerando os casos da doença, a demanda por esses materiais só cresce. Mas tem um problema – muitos dos reatores nucleares que produzem esses isótopos foram construídos nos anos 70 e 80 e estão com os dias contados.
Agora, uma startup de Bristol, no Reino Unido, pode ter encontrado a solução. A Astral Systems, criada por Talmon Firestone e Dr. Tom Wallace-Smith, promete revolucionar a produção desses materiais com tecnologia inovadora. A sacada? Reatores tão pequenos que cabem em cima de uma mesa.
Ciência de bolso? Parece ficção, mas não é
Com um investimento de 4,5 milhões de libras, liderado pelos fundos Speedinvest e Playfair, a Astral quer levar a chamada fusão multiestratal (MSF) para o mercado. A ideia é aumentar a produção de isótopos nucleares de maneira mais eficiente, barata e descentralizada.
A tecnologia usada pela empresa se baseia na fusão por confinamento em rede (LCF), um conceito descoberto pela NASA. Segundo a Astral, essa abordagem permite uma densidade de combustível 400 milhões de vezes maior do que os métodos convencionais.
E não para por aí. Além da medicina, a plataforma da Astral pode ser aplicada a energia nuclear híbrida segura, exploração espacial e até segurança industrial.
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Astral SYstems Team Image Credits:Astral Systems |
Do laboratório para o hospital
O Dr. Tom Wallace-Smith explica que a grande sacada dessa tecnologia é a descentralização:
"A indústria sempre teve um problema de fornecimento porque dependia de reatores enormes e centralizados. O que estamos propondo é algo totalmente diferente: colocar esses reatores em unidades industriais, no subsolo de hospitais ou em centros de produção. Assim, podemos fabricar os medicamentos exatamente onde são necessários, reduzindo a dependência desses grandes reatores antigos."
Os concorrentes, segundo ele, estão presos a tecnologias ultrapassadas:
"Outras abordagens usam aceleração linear tradicional, enquanto nós pegamos um núcleo de alta maturidade tecnológica e aplicamos a física moderna. O potencial de crescimento é gigantesco – estamos só no começo do que podemos alcançar."
A Astral já montou três instalações comerciais de fusão e já está gerando receita. Com o apoio de investidores como Oliver Buck (fundador da ITM Isotope Technologies) e Pete Hutton (ex-presidente do grupo de produtos da ARM), a empresa está pronta para escalar seu impacto.
Rick Hao, sócio da Speedinvest, resume o entusiasmo do mercado:
"A Astral representa o que há de melhor no deeptech britânico. Eles estão trazendo uma nova abordagem para a fusão nuclear, resolvendo problemas urgentes na medicina, na indústria e no setor energético."
Se a promessa se concretizar, a Astral pode não só transformar a detecção do câncer, mas também abrir portas para uma nova era na tecnologia nuclear. Pequenos reatores, impacto gigantesco.
O impacto disso na vida das pessoas
- Diagnósticos mais acessíveis – Com mais isótopos disponíveis, exames de câncer podem ficar mais baratos e fáceis de fazer.
- Menos dependência de reatores antigos – Se um reator central falha, a produção pode continuar em hospitais locais.
- Avanços na energia e na indústria – A mesma tecnologia pode ser usada em novos tipos de energia nuclear e até na exploração espacial.
- Tratamentos mais rápidos – A produção local de isótopos pode acelerar o tempo entre o diagnóstico e o tratamento.
- Reatores menores, impacto maior – A ideia de energia nuclear segura e compacta pode mudar como o mundo pensa sobre fusão nuclear.
O futuro pode caber na palma da mão. Resta saber quando ele chega.
Fonte: Techcrunch