A relação entre Ucrânia e Estados Unidos acaba de ganhar um novo capítulo estratégico. Os dois países chegaram a um entendimento sobre um amplo acordo econômico, incluindo o acesso dos EUA aos minerais raros da Ucrânia. A informação, divulgada por três autoridades ucranianas, mostra que Kiev vê o pacto como essencial para garantir o fluxo contínuo de apoio militar norte-americano – um recurso vital no atual cenário de guerra.
O Que Está em Jogo?
Os detalhes técnicos do acordo ainda estão sendo ajustados, mas um ponto central já está claro: os EUA e a Ucrânia terão propriedade conjunta de um fundo que administrará parte dos recursos naturais ucranianos. Isso inclui minerais estratégicos, além de petróleo e gás, com 50% dos lucros futuros indo para os cofres do governo ucraniano.
Diferente de uma proposta anterior, que previa uma compensação de US$ 500 bilhões para os EUA em troca da ajuda militar, o novo modelo garante melhores termos para Kiev. Segundo fontes próximas à negociação, a Ucrânia conseguiu emendas favoráveis, tornando o acordo mais equilibrado.
O Papel dos Minerais Raros na Equação
Os minerais raros são peças-chave na economia global. Essenciais para a produção de eletrônicos, baterias e tecnologias militares, esses recursos transformaram-se em um ativo geopolítico disputado por grandes potências. O interesse dos EUA na Ucrânia não é apenas uma questão de apoio militar – é também uma jogada estratégica para garantir acesso a esses elementos cruciais.
A dependência de minerais raros da China tem sido um desafio para Washington. Com esse acordo, os EUA podem reduzir essa vulnerabilidade e diversificar suas fontes, tornando-se menos dependentes do mercado chinês. Para a Ucrânia, isso representa uma oportunidade de fortalecer sua posição global e atrair mais investimentos.
O Encontro Entre Zelenskyy e Trump
A assinatura do acordo pode acontecer já na próxima sexta-feira, e há planos para que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, vá a Washington se encontrar com Donald Trump. Essa reunião será crucial para definir os próximos passos da parceria.
Entretanto, uma peça-chave ainda falta no quebra-cabeça: garantias de segurança. A Ucrânia pressionou para que o acordo incluísse compromissos concretos dos EUA nesse sentido, mas esse ponto ainda está pendente e deverá ser tema central das conversas entre os líderes.
Entre Conflitos e Negociações
A relação entre Trump e Zelenskyy passou por momentos de tensão recentemente. O presidente ucraniano resistiu a um primeiro rascunho do acordo, proposto pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, alegando que não atendia aos interesses da Ucrânia. A situação se intensificou após uma reunião em Munique com o vice-presidente JD Vance, na qual Zelenskyy reforçou sua insatisfação.
Foi apenas após uma visita de três dias do enviado especial de Trump para a Ucrânia e Rússia, o general aposentado Keith Kellogg, que as negociações avançaram. O acordo, originalmente sugerido pelo próprio Zelenskyy no ano passado, agora ganha forma em um momento crítico para Kiev.
O Que Isso Significa na Prática?
- Menos dependência da China – Os EUA garantem uma nova fonte de minerais estratégicos, reduzindo sua vulnerabilidade ao mercado chinês.
- Mais investimentos para a Ucrânia – Com um acordo econômico robusto, Kiev pode atrair mais capital estrangeiro para sua economia.
- Apoio militar mais previsível – A Ucrânia busca garantir que a ajuda dos EUA continue fluindo, algo vital no contexto atual.
- Fortalecimento da posição geopolítica – Ao firmar esse pacto, Kiev se posiciona melhor para futuras negociações internacionais.
- Novo capítulo na relação EUA-Ucrânia – O entendimento entre os países pode definir o rumo da parceria nos próximos anos.
O Futuro em Jogo
Esse acordo vai muito além da economia – ele é uma peça-chave no tabuleiro geopolítico global. A Ucrânia busca sobrevivência e fortalecimento, enquanto os EUA enxergam uma chance de consolidar influência e reduzir dependências estratégicas. Mas a grande questão permanece: esse pacto será suficiente para manter o apoio dos EUA no longo prazo? A resposta pode definir o futuro de Kiev – e de toda a região.
Fonte: pbs