A Dívida Ativa dos Estados: O Gargalo Bilionário que Não Para de Crescer

O Brasil tem um problema que insiste em bater na porta dos cofres públicos: a dívida ativa dos estados. São mais de R$ 1,17 trilhão em tributos não pagos, um valor equivalente a 16 meses inteiros de arrecadação. Mas por que essa conta não fecha? E, mais importante, como isso afeta o país e os cidadãos?

Vamos destrinchar essa questão que envolve empresas gigantes, governos estaduais e um sistema de cobrança que parece um cachorro correndo atrás do próprio rabo.

O Que é a Dívida Ativa?

Dívida ativa nada mais é do que o dinheiro que empresas e pessoas devem aos estados por impostos e taxas que não foram pagos no prazo. E não estamos falando de boletos esquecidos na gaveta – esses valores já foram analisados, cobrados e, em muitos casos, até julgados na esfera administrativa.

O grande vilão aqui é o ICMS, imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, que responde pela maior parte da arrecadação estadual. Além dele, IPVA (sobre veículos) e ITCMD (sobre heranças e doações) também entram nessa conta bilionária.

Quem São os Maiores Devedores?

A lista dos 50 maiores devedores soma R$ 150 bilhões, e os nomes não são desconhecidos. Algumas empresas enfrentam disputas judiciais, outras já faliram, mas o fato é que essa dívida se arrasta há anos.

Veja algumas que estão no topo do ranking:

1. Refinaria Manguinhos (Refit) – R$ 20,8 bilhões

Liderando o time, a refinaria acumula um passivo impressionante.

2. Petrobras – R$ 15,1 bilhões

Sim, até a estatal está na lista.

3. Massa falida da Vasp – R$ 9,5 bilhões

A companhia aérea fechou as portas, mas a dívida ficou.

4. Mendo Sampaio – R$ 8,2 bilhões

A empresa está em recuperação judicial, ou seja, tenta pagar o que deve sem fechar as portas.

5. Ambev – R$ 5,3 bilhões

A gigante das bebidas afirma que os valores ainda estão em disputa judicial.

E a lista continua, com cervejarias, distribuidoras e empresas de telefonia no bolo.

Cobrança Lenta e Ineficiente

O problema não é apenas a existência da dívida, mas sim a dificuldade de recuperá-la. Segundo a Fenafisco, apenas 1% do valor devido é recuperado por ano.

Isso acontece porque muitas empresas apostam na burocracia do sistema tributário. Em vez de pagar os impostos corretamente, elas usam a dívida como estratégia, muitas vezes aderindo a programas de refinanciamento que acabam premiando os maus pagadores.

Francelino Valença, presidente da Fenafisco, critica esse modelo:

“O Refis, que deveria ajudar na recuperação da dívida, acaba incentivando empresas a deixarem de pagar, esperando um novo programa de renegociação.”

Em outras palavras, quem paga tudo em dia é quase um ‘trouxa’ diante de quem empurra a dívida para depois.

O Que Pode Ser Feito?

O cenário não é animador, mas algumas medidas poderiam ajudar:

Reforçar os mecanismos de cobrança, impedindo que empresas acumulem dívidas por anos.
Criar leis mais duras para devedores contumazes, dificultando sua participação em contratos públicos.
Aumentar a transparência, permitindo que a população acompanhe melhor essa dívida.
Investir em tecnologia para tornar o processo de arrecadação mais eficiente.

5 Impactos Práticos da Dívida Ativa na Vida das Pessoas

  1. Menos dinheiro para serviços públicos – Saúde, educação e segurança perdem verbas quando estados não conseguem arrecadar.

  2. Aumento de impostos – Para compensar o rombo, o governo pode acabar elevando tributos para quem já paga corretamente.

  3. Desigualdade fiscal – Empresas que pagam em dia são prejudicadas, enquanto outras se beneficiam da inadimplência.

  4. Falta de investimentos – Estados endividados têm menos capacidade de investir em infraestrutura e desenvolvimento.

  5. Insegurança jurídica – Quando empresas disputam tributos na Justiça por anos, o ambiente de negócios fica instável.

Conclusão: O Que Podemos Esperar?

A dívida ativa dos estados não é apenas um problema contábil – é um reflexo de um sistema tributário complexo e de uma cultura onde ser um bom pagador nem sempre compensa.

Enquanto isso não muda, o rombo bilionário segue crescendo. A pergunta que fica é: quem paga essa conta no final?

Postar um comentário