As Tarifas de Trump e o Xadrez do Comércio Global

Se tem uma coisa que o comércio internacional não gosta, é de incerteza. Mas parece que Donald Trump vê nisso uma vantagem estratégica. Com suas novas tarifas, o ex-presidente dos EUA pode estar empurrando aliados tradicionais para os braços de outros gigantes econômicos — China e Índia estão de olho nessa brecha.

O jogo está claro: os EUA apertam de um lado, e outros países buscam saídas do outro. O problema? Isso pode mudar o equilíbrio do comércio global de maneiras inesperadas.


Tarifas e Retaliações: Um Efeito Dominó

A União Europeia (UE) já deu a resposta. Após os EUA taxarem importações de aço e alumínio, o bloco anunciou tarifas retaliatórias sobre 26 bilhões de euros em produtos americanos. O efeito? Negociações cada vez mais tensas entre parceiros que, até pouco tempo, estavam do mesmo lado da mesa.

Isso não afeta apenas a Europa. O México, o Canadá e até o Mercosul estão reavaliando suas relações comerciais. Se os EUA se tornam um parceiro instável, por que não procurar alternativas mais confiáveis?

Tariffs from U.S. President Donald Trump could push allies to forge closer relationships with other countries like China and India, according to former U.S. diplomat Wendy Cutler.


China e Índia: Oportunidade à Vista

Enquanto Washington aposta no confronto, Pequim e Nova Délhi se posicionam como opções mais estáveis para o comércio internacional.

A China já reforçou acordos com a ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) e continua expandindo sua influência. Se os parceiros americanos não podem contar com os EUA, há sempre outro jogador pronto para negociar.

A Índia, por sua vez, está retomando conversas com a UE para novos acordos comerciais. O Mercosul também entrou na jogada, fechando negociações com os europeus — um golpe direto na competitividade dos produtos americanos nesses mercados.


A Estratégia do Caos: Até Quando Funciona?

Trump já deixou claro: imprevisibilidade é uma arma. Ele acredita que manter os parceiros comerciais na incerteza pode fazer os EUA saírem na vantagem. Mas essa tática tem limites.

Se um país se sente constantemente pressionado e desrespeitado nas negociações, ele simplesmente procura outros caminhos. Foi assim que surgiram acordos como o CPTPP (Parceria Transpacífica) e o RCEP (Parceria Econômica Regional Abrangente), dos quais os EUA nem fazem parte.

No longo prazo, o risco é real: se os aliados começarem a ver os EUA como um parceiro instável, o país pode perder relevância no comércio global.

Photo illustration of Euro and US Dollar banknotes in the Netherlands on 14 July 2022. The U.S. dollar languished near a three-week low to major peers on Thursday after Federal Reserve Chair Jerome Powell assuaged trader worries about continued aggressive monetary tightening.


5 Impactos Dessa Estratégia no Mundo Real

  1. Empresas americanas podem perder mercado – Se a UE e outros parceiros buscarem alternativas, produtos dos EUA ficam menos competitivos.
  2. China e Índia ganham influência – O vácuo deixado pelos EUA pode fortalecer seus concorrentes diretos.
  3. Importações podem ficar mais caras – Tarifas elevadas significam produtos mais caros para os consumidores.
  4. O Mercosul se aproxima da Europa – O bloco sul-americano pode se beneficiar ao ganhar melhores condições de comércio com a UE.
  5. A confiança no dólar pode ser afetada – Se o comércio global se fragmentar, outras moedas podem ganhar força nos negócios internacionais.

O Que Isso Significa para o Futuro?

O mundo está mudando. Tarifas e ameaças podem funcionar no curto prazo, mas no longo prazo, países e empresas buscam estabilidade. Se os EUA continuarem jogando o jogo da incerteza, pode chegar o dia em que seus aliados simplesmente decidirão mudar de mesa.

Fonte: CNBC

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