Bitcoin em Queda: O Que Está Por Trás do Tombo da Maior Criptomoeda do Mundo?

O Bitcoin atingiu um pico histórico, ultrapassando os US$ 109.000, mas não demorou muito para que uma forte queda de 28% trouxesse a criptomoeda de volta à realidade. O que aconteceu? Como o mercado reagiu? E, mais importante, o que esperar daqui para frente? Vamos destrinchar os principais fatores por trás desse movimento.


1. Um Mundo Mais Instável: O Impacto da Economia Global

Não é só o Bitcoin que está sofrendo. O mercado financeiro como um todo vem oscilando, e o motivo não é segredo: incertezas econômicas e políticas.

O governo dos EUA está flertando com novas tarifas comerciais, o que tem mexido com os ânimos dos investidores. O Índice Nasdaq 100, por exemplo, caiu 7% desde fevereiro, e o Bitcoin, que costuma seguir o movimento dos mercados de risco, simplesmente foi arrastado junto.

Como explica Caroline Bowler, CEO da BTC Markets, “essa queda pode ser vista como uma resposta a temores macroeconômicos e incertezas geopolíticas.” Ou seja, o nervosismo dos investidores atingiu em cheio o mercado cripto.


2. O Maior Hack da História das Criptomoedas

Se a confiança já estava abalada, o hack da exchange Bybit, ocorrido em 21 de fevereiro, só piorou a situação. Foram roubados US$ 1,5 bilhão, um recorde absoluto.

Para piorar, o ataque foi atribuído ao Grupo Lazarus, da Coreia do Norte, conhecido por assaltos cibernéticos massivos. O que mais assustou os investidores foi o fato de que os hackers conseguiram invadir cold wallets, que teoricamente deveriam ser impenetráveis.

Zaheer Ebtikar, cofundador do fundo Split Capital, resumiu bem a situação: “A confiança foi abalada. Tenho certeza de que há muitas pessoas pensando: ‘Talvez seja melhor esperar um pouco antes de voltar ao mercado.’”

E no mundo das criptomoedas, confiança é tudo.


3. O Efeito Dominó dos ETFs

Os ETFs de Bitcoin à vista foram uma grande conquista para o mercado, mas agora se tornaram um peso extra. Quando o preço da criptomoeda cai, os investidores desses fundos tendem a sacar seu dinheiro, o que gera ainda mais vendas no mercado.

O resultado? Um ciclo vicioso: queda no preço → saídas de ETFs → mais queda no preço.

Em fevereiro, os ETFs de Bitcoin à vista registraram a maior saída líquida mensal desde o lançamento, com um êxodo de aproximadamente US$ 3,3 bilhões. O analista Michael Rosen explicou de forma simples:

“O dinheiro quente entra rápido, mas sai mais rápido ainda quando os preços começam a cair.”

Ou seja, muitos investidores estavam ali apenas para o curto prazo e não hesitaram em abandonar o barco.


4. O Efeito “Cash and Carry” no Mercado de Futuros

Outro fator que contribuiu para a queda do Bitcoin foi o desmonte da estratégia de cash and carry, uma técnica usada para lucrar com a diferença entre os mercados à vista e futuros.

Com o prêmio dos contratos futuros de Bitcoin despencando para 5,7%, muitos fundos de hedge começaram a desmontar suas posições, gerando uma onda de vendas. O que era um lucro certo virou um risco alto.

Como disse Mark Connors, da Risk Dimensions:

“A maior parte das saídas veio de oportunidades de arbitragem que simplesmente deixaram de existir.”

Menos arbitragem significa menos liquidez no mercado, o que agrava ainda mais as quedas.


5. O "Efeito Trump" e a Perda de Confiança

O retorno de Donald Trump à Casa Branca foi visto por muitos como um impulso para o mercado cripto, já que ele se mostrou um forte apoiador do setor durante a campanha. Mas, na prática, as expectativas não se confirmaram.

Trump chegou a prometer um estoque estratégico de Bitcoin, e a senadora Cynthia Lummis apresentou um projeto de lei para que os EUA acumulassem até 1 milhão de Bitcoins em cinco anos. No entanto, nada concreto foi feito.

O mercado esperava ações rápidas, e quando percebeu que as promessas estavam longe de se tornarem realidade, veio a frustração – e a venda em massa.

Paul Howard, da Wincent, explicou bem o sentimento:

“O que tem puxado o mercado para baixo é a falta de novidades concretas e os números da inflação nos EUA.”

No fim das contas, o entusiasmo esfriou, e o Bitcoin pagou o preço.


Impactos Práticos da Queda do Bitcoin

O que tudo isso significa para quem acompanha ou investe em criptomoedas? Aqui estão cinco impactos diretos dessa queda:

  1. Volatilidade ainda maior – O mercado segue imprevisível e pode continuar oscilando nos próximos meses.
  2. Maior cautela dos investidores – Muitos estão adotando uma postura de “esperar para ver” antes de voltar a comprar.
  3. Pressão sobre as exchanges – As plataformas de negociação precisam reforçar sua segurança para evitar novos hacks.
  4. Dificuldade para novas regulamentações – Com tantas oscilações, governos podem enxergar o Bitcoin como um ativo ainda mais arriscado.
  5. Oportunidade para quem tem paciência – Para investidores de longo prazo, a queda pode representar um bom momento de entrada.

E Agora? O Que Esperar do Bitcoin?

A queda do Bitcoin pode parecer assustadora, mas não é a primeira – e provavelmente não será a última. A história mostra que grandes quedas costumam ser seguidas de grandes recuperações.

A chave agora é entender o cenário, avaliar os riscos e se preparar para os próximos movimentos do mercado. Para alguns, esse é um sinal de alerta. Para outros, pode ser a oportunidade perfeita para comprar Bitcoin a preços mais baixos.

O jogo ainda não acabou. Resta saber quem terá coragem suficiente para continuar na mesa.

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