A discussão sobre os gramados sintéticos esquentou nos últimos tempos, mas, segundo Leila Pereira, presidente do Palmeiras, o verdadeiro problema do futebol brasileiro não está na grama – e sim no desequilíbrio financeiro entre os clubes. Para ela, a falta de fair play financeiro pesa muito mais do que a superfície do campo.
E convenhamos, faz sentido. Afinal, como um time que paga salários em dia pode competir com outro que acumula dívidas e segue contratando jogadores? Essa distorção afeta diretamente o nível da competição e a credibilidade do campeonato.
A Raiz do Problema
Leila não poupou palavras: atraso de salários, calotes em transferências e o famoso “jeitinho” financeiro são a verdadeira praga do futebol nacional. Alguns clubes seguem gastando mais do que podem, apostando que uma futura venda milionária vai resolver tudo – e, enquanto isso, deixam jogadores, funcionários e outros times sem receber.
O problema? Eles continuam competindo de igual para igual, como se nada estivesse acontecendo.
“Clubes que atrasam salários, que atrasam direito de imagem porque pagam em dia CLT e não pagam direito de imagem, que atrasam compromissos com outros clubes na aquisição de jogadores e continuam competindo em igualdade de condições. Isso cria uma total distorção no campeonato.” – Leila Pereira.
Ou seja, a real desigualdade vem do extracampo. Enquanto alguns fazem sua parte, outros se aproveitam das brechas para manter elencos fortes sem arcar com as consequências financeiras.
Gramado Sintético: Um Bode Expiatório?
A polêmica dos gramados sintéticos voltou à tona depois de críticas de jogadores renomados como Neymar, Lucas Moura e Thiago Silva. Segundo eles, jogar nesse tipo de superfície aumenta o risco de lesões e encurta a carreira dos atletas.
Leila, no entanto, não comprou esse argumento e respondeu na lata. Para ela, essa reclamação vem principalmente de jogadores mais velhos, que já deveriam estar pensando na aposentadoria.
“Os atletas que reclamam, geralmente, são mais velhos. Até compreendo que eles querem prolongar ainda mais a vida profissional, e acham que pode encurtar a vida útil deles. Mas, normalmente, são atletas que já deveriam ter parado de jogar futebol em vez de ficar reclamando do gramado.”
Com a tecnologia atual, o gramado sintético virou uma solução viável para estádios que enfrentam problemas com manutenção e clima. O Allianz Parque, do Palmeiras, e o Engenhão, do Botafogo, já adotaram essa mudança, enquanto o Atlético-MG planeja seguir o mesmo caminho na MRV Arena.
Se gramado sintético fosse o maior problema do futebol, a Premier League e outras ligas europeias não dominariam o cenário mundial com seus campos impecáveis.
O Que Está em Jogo?
O futebol brasileiro precisa encarar uma realidade desconfortável: não adianta cobrar qualidade dentro de campo se fora dele as regras não são seguidas. Clubes endividados seguem contratando, promessas de pagamentos se acumulam e, no fim, o buraco financeiro só cresce.
Se a CBF e as entidades esportivas não tomarem medidas sérias, o futebol nacional continuará refém dessa bagunça. E quem sofre com isso? Os jogadores, os torcedores e a credibilidade da competição.
5 Impactos do Fair Play Financeiro no Futebol
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Competições mais justas – Todos os clubes jogam com as mesmas regras, sem vantagens artificiais.
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Salários pagos em dia – Jogadores e funcionários recebem sem atrasos ou calotes.
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Clubes mais sustentáveis – Menos times quebrando e mais gestão responsável.
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Atração de investidores – Organizações sérias chamam atenção de patrocinadores e novos negócios.
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Melhoria no nível técnico – Com dinheiro bem administrado, clubes podem investir melhor no elenco.
Conclusão: O Futuro do Futebol Brasileiro Está em Jogo
Se o Brasil quer um campeonato forte e competitivo, precisa começar pela base: transparência, responsabilidade financeira e respeito aos contratos. Enquanto isso não acontece, gramado sintético segue sendo o vilão da vez – mas a real batalha acontece nos bastidores.
A pergunta que fica é: quem vai ter coragem de mudar as regras do jogo?