Política é um palco onde, muitas vezes, o que se destaca não são apenas as promessas, mas os gestos. E foi exatamente isso que aconteceu no lançamento do edital do túnel entre Santos e Guarujá. Sob os olhares atentos de apoiadores, trabalhadores e representantes do setor portuário, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o presidente Lula dividiram o mesmo espaço – e, surpreendentemente, o mesmo tom conciliador.
Mesmo enfrentando vaias em alguns momentos, Tarcísio escolheu um caminho menos previsível: deixou de lado as diferenças políticas e agradeceu ao presidente pela priorização do projeto. “As diferenças têm que ser deixadas de lado para se chegar a um consenso e atender a população e pensar no futuro”, afirmou.
Foi um discurso que, se não silenciou todas as críticas, pelo menos serviu para mostrar que, quando o assunto é infraestrutura e desenvolvimento, os interesses partidários ficam em segundo plano – ou, pelo menos, deveriam.
Um Projeto Século XX para um Brasil do Século XXI
Falar sobre o túnel Santos-Guarujá é resgatar um debate que já dura mais de cem anos. Isso mesmo, um século de idas e vindas, discussões técnicas, políticas e econômicas. Mas agora, com o edital finalmente lançado, o projeto começa a sair do papel e se transformar em realidade.
A promessa? Uma ligação direta e eficiente entre as duas cidades, reduzindo congestionamentos e o tempo de deslocamento. Menos filas, mais mobilidade e um impulso direto para a economia da região.
Investimentos Bilionários e a Força da Infraestrutura
Tarcísio não parou por aí. O governador destacou que os investimentos na Baixada Santista vão ultrapassar R$ 20 bilhões, incluindo não só o túnel, mas também projetos de saneamento da Sabesp e melhorias em rodovias.
E tem mais: ele fez questão de elogiar o papel do BNDES, apontando a importância do banco no financiamento de infraestrutura, sem esquecer a lógica do mercado de capitais. Um aceno que equilibra interesses públicos e privados – e que mostra que grandes obras dependem de um jogo bem costurado entre governo, empresas e instituições financeiras.
O Que Isso Representa na Prática?
Além da relevância política e econômica, esse movimento traz impactos concretos para a população:
- Menos tempo no trânsito – O túnel vai encurtar o tempo de travessia entre Santos e Guarujá, melhorando a mobilidade na região.
- Mais empregos – A construção e operação da obra vão gerar oportunidades diretas e indiretas para trabalhadores locais.
- Fortalecimento do comércio – Com uma ligação mais eficiente, empresas da Baixada Santista ganham mais competitividade.
- Avanço no saneamento – Os investimentos bilionários incluem melhorias fundamentais na infraestrutura básica.
- Desenvolvimento regional – Projetos assim atraem novos negócios, impulsionando a economia local.
Entre Aplausos e Vaias, a Política Acontece
O evento em Santos foi um retrato fiel da política brasileira: um misto de apoio e resistência, pragmatismo e rivalidade. No fim das contas, entre discursos e reações da plateia, um ponto ficou claro: quando o interesse público entra em cena, até os adversários políticos precisam encontrar um terreno comum.
E o túnel Santos-Guarujá pode ser, além de uma ligação física, um símbolo de que o Brasil só avança quando as pontes – ou, neste caso, os túneis – são construídos pensando no futuro.