No coração da Faixa de Gaza, o tempo parece ter parado — não por escolha, mas por desespero. A poeira das bombas ainda nem assentou, e o silêncio que deveria marcar o fim da violência foi mais uma vez substituído pelo estrondo dos ataques. Em meio aos escombros, um homem palestino se senta. O olhar perdido entre o que sobrou de um lar. E a pergunta que ecoa: até quando?
A guerra voltou. Mas e a ajuda?
Seis agências das Nações Unidas, entre elas o Programa Mundial de Alimentos e o OCHA (escritório de coordenação humanitária da ONU), soaram o alarme. O recado foi direto: sem um novo cessar-fogo, a catástrofe humanitária em Gaza vai piorar — e rápido.
Desde o dia 2 de março, nenhum caminhão com alimentos, remédios ou combustível conseguiu cruzar a fronteira. As negociações para uma nova trégua emperraram, e Israel retomou os ataques em 18 de março, numa ofensiva que já entrou para a história como a mais letal para as crianças palestinas nos últimos 12 meses.
Só na primeira semana após a retomada dos bombardeios, mais de mil crianças foram mortas ou feridas. Mil. Em sete dias. O tipo de número que não deveria existir fora de livros de horror. Mas é real. E segue aumentando.
“Estamos testemunhando o colapso da humanidade”
A ONU não poupou palavras. O comunicado oficial descreve o cenário em Gaza como um verdadeiro apagão de humanidade. “Mais de 2,1 milhões de pessoas estão presas, bombardeadas e famintas”, diz o texto, assinado por líderes de seis das maiores agências humanitárias do planeta.
Eles falam de um povo sufocado, onde a comida estraga nas fronteiras, enquanto mães enterram filhos e hospitais operam sem anestesia. Até os fornos — símbolo de esperança em meio ao caos — fecharam por falta de farinha e gás.
Vinte e cinco padarias, mantidas com apoio internacional durante o cessar-fogo, agora estão de portas fechadas. Nem o básico chegou.
A guerra por trás da guerra
Tudo começou com o ataque liderado pelo Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023 — 1.200 mortos, 251 reféns. A resposta de Israel veio como um trovão: uma campanha militar massiva, com o objetivo declarado de eliminar o grupo armado. Mas os números, segundo autoridades palestinas, mostram que mais de 50 mil pessoas já morreram em Gaza, a imensa maioria civis.
Israel insiste que não viola as leis internacionais e culpa o Hamas por operar no meio da população, colocando civis em risco. O Hamas, por sua vez, nega esse tipo de prática.
Enquanto a disputa por narrativas cresce, quem mais sofre são os inocentes.
O apelo: ainda há tempo?
"Apelamos aos líderes mundiais para que ajam — com firmeza, urgência e decisão — para garantir que os princípios básicos do direito humanitário internacional sejam respeitados", declara o comunicado da ONU.
Mas será que alguém está ouvindo? Ou a humanidade entrou no modo avião?
Enquanto isso, crianças morrem, idosos não conseguem remédios, e o cheiro de pão quente — aquele que uma vez simbolizou acolhimento — desaparece do ar. Substituído pelo cheiro de fumaça e sangue.
5 impactos práticos dessa situação na sua vida (sim, na sua)
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Aumenta a instabilidade global, afetando mercados, moedas e investimentos.
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A pressão migratória cresce, gerando crises humanitárias que impactam países vizinhos e Europa.
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Alimenta tensões políticas, com governos sendo cobrados a tomar lados.
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Piora o cenário de segurança internacional, acendendo alertas contra novos conflitos.
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Chama a atenção para a responsabilidade individual, despertando empatia e senso de urgência sobre o valor da vida humana.
E agora, o que você pode fazer?
Ignorar é fácil. É confortável. Mas olhar para o outro, mesmo à distância, é um ato de resistência contra a indiferença. Se você chegou até aqui, já deu o primeiro passo. Agora, compartilhe. Divulgue. Doe, se puder. Exija posicionamento. E, acima de tudo, não cale diante do que não pode ser silenciado.
Porque, no fim das contas, o mundo muda quando a gente escolhe não fingir que não viu.