Num piscar de olhos, a maré virou. O cenário tenso entre Estados Unidos e China deu uma trégua — e com ele, os juros dos títulos públicos brasileiros resolveram tirar o pé do acelerador. A manhã desta terça-feira (13) amanheceu com um alívio nos mercados e um detalhe que chamou a atenção de quem entende do riscado: a taxa do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2040 caiu pela primeira vez no ano para menos de 7%.
Sim, você leu certo. O juro real agora gira em torno de 6,99% ao ano, além da inflação. Parece pouco? Pois é a menor taxa desde que o título estreou no Tesouro Direto, lá em fevereiro.
Calmaria entre gigantes, impacto no seu bolso
A notícia da trégua de 90 dias entre EUA e China, dois gigantes que vinham se digladiando com tarifas desde os tempos de Trump, foi como uma brisa fresca num verão escaldante. O mercado, sempre sensível ao humor dos poderosos, respondeu de bate-pronto: os títulos públicos começaram a recuar nas taxas.
O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2050 também entrou no embalo e desceu para 6,88%, mantendo a toada de queda que já vinha desde o início do mês. É como se os investidores tivessem sentido que o pior, ao menos por ora, deu uma pausa.
Mas nem tudo são flores no curto prazo
Apesar da queda nos papéis de longo prazo, o título de curto prazo ainda resiste acima dos 7%. Hoje, ele remunera 7,31% ao ano além da inflação, o que segue bastante atrativo — principalmente se lembrarmos que no começo de abril, logo após as chamadas “tarifas recíprocas” de Trump, essa taxa chegou a bater 7,96%.
É quase como se o mercado dissesse: “Ei, ainda tem incerteza no ar, então segura a empolgação”.
Copom sinaliza que o jogo ainda está aberto
A ata da última reunião do Copom, divulgada hoje, joga mais uma peça nesse xadrez: o comitê reconhece que a incerteza aumentou — tanto para cima quanto para baixo da inflação. E mais: destacou que as expectativas seguem acima da meta de 3%, o que complica ainda mais o quebra-cabeça da política monetária.
Ou seja, o Banco Central está numa encruzilhada. Qualquer passo em falso pode mexer com a direção dos juros e, por consequência, com o rendimento dos títulos do Tesouro Direto.
Prefixados: ainda quentes, mas começando a esfriar
Os títulos prefixados também estão no embalo da queda, mas ainda não abandonaram a casa dos 13% ao ano. Hoje, eles pagam:
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13,43% para vencimento em 2028
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13,67% para 2032
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13,79% para 2035 (com juros semestrais)
Essas taxas continuam chamando atenção, especialmente para quem gosta de travar rendimentos no longo prazo, mas o fôlego parece estar diminuindo.
E os Estados Unidos? Inflaram menos do que o esperado
Logo depois da atualização das taxas às 9h26, os dados da inflação dos EUA chegaram, e adivinha só? Veio mais fraca do que o mercado imaginava: alta de apenas 0,2% em abril, contra uma expectativa de 0,3%.
Esse detalhe pode parecer técnico, mas é explosivo. Uma inflação mais controlada lá fora reduz a pressão sobre os juros por aqui. E quando os juros caem, o preço dos títulos sobe — quem já comprou, sorri. Quem ainda vai comprar, precisa avaliar com lupa.
Impactos práticos na sua vida
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Boas oportunidades para investir com proteção da inflação a longo prazo.
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Possível valorização dos títulos adquiridos antes da queda de juros.
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Redução no custo da dívida pública, o que alivia o caixa do governo.
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Mais confiança dos investidores estrangeiros no Brasil.
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Sinal de alívio para o combate à inflação global, o que pode trazer estabilidade nos preços internos.
Hora de agir: o trem não espera na estação
Se você tava esperando um sinal para investir, talvez esse seja o momento certo. As taxas estão em queda, os mercados respiram um pouco mais tranquilos, e o Tesouro IPCA+ pode ser aquela âncora segura em tempos turbulentos. Mas, como sempre, o cenário pode mudar de uma hora pra outra — afinal, o mundo gira rápido, e o dinheiro, mais ainda.
Fica a dica: quem dorme no ponto perde a melhor parte da viagem.