Hamas aceita proposta de cessar-fogo em Gaza, mas incertezas persistem

O conflito em Gaza, que já atravessa quase dois anos de destruição e desespero, pode estar diante de uma pausa — ou de mais uma miragem em meio às ruínas. Um representante do Hamas confirmou que o grupo aceitou a proposta de cessar-fogo apresentada por mediadores do Egito e do Catar, reacendendo, ainda que de forma tênue, a esperança de um respiro para civis exaustos pela guerra.

O acordo em jogo

A proposta, inspirada em um plano do enviado norte-americano Steve Witkoff, prevê uma trégua de 60 dias. Durante esse período, o Hamas se comprometeria a libertar parte dos reféns israelenses em sua posse — cerca de metade dos 50 ainda detidos, dos quais apenas 20 são considerados vivos.

Em contrapartida, seriam iniciadas negociações sobre um cessar-fogo permanente. O detalhe incômodo é que Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, já deixou claro: só aceita um acordo se todos os reféns forem libertados de uma vez.

Entre o que se diz e o que se faz, o abismo parece se alargar.

Tanques, sirenes e contradições

Enquanto líderes discutem termos em mesas discretas, a realidade em Gaza continua a ecoar em estrondos. Testemunhas relataram que tanques israelenses avançaram de surpresa no bairro de Sabra, cercando escolas e até uma clínica administrada pela ONU onde centenas de deslocados buscavam refúgio.

A ironia é brutal: negocia-se a paz em meio a sons de artilharia.

O exército israelense declarou estar em um "ponto de virada", ampliando ataques contra o Hamas em Gaza City. Ao mesmo tempo, milhares de palestinos seguem fugindo, carregando nas mãos sacolas improvisadas e nos olhos o peso de uma incerteza sem fim.

Vozes das ruas

Nas ruas de Tel Aviv, centenas de milhares protestaram pedindo ao governo que aceite um acordo imediato. Famílias de reféns clamam por uma solução que traga seus entes de volta, temendo que a ofensiva militar coloque suas vidas em risco.

Do outro lado do muro, em Gaza, mães e pais repetem um pedido tão simples quanto essencial: “queremos paz, queremos nossos filhos vivos”.

A sensação é a de que civis, israelenses e palestinos, gritam as mesmas palavras em línguas diferentes, mas os ecos ainda não chegam aos ouvidos certos.

Entre promessas e pressões

O Catar e o Egito atuam como fios frágeis tentando costurar o que insiste em se rasgar. Diplomatas correm contra o tempo, enquanto os líderes multiplicam declarações que parecem mais voltadas para plateias internas do que para o alívio da crise humanitária.

A fome, por exemplo, já se espalha como uma sombra sobre Gaza. Mais de 260 pessoas, incluindo crianças, morreram de desnutrição desde o início da guerra, segundo o Ministério da Saúde local. A cada dia que passa sem acordo, o risco aumenta.


Impactos práticos para a vida das pessoas

  1. Reféns podem voltar para casa, trazendo alívio a famílias que vivem meses de agonia.

  2. Civis em Gaza ganham chance de sobrevivência, com pausa nos bombardeios e maior acesso a ajuda humanitária.

  3. Israelenses e palestinos têm um respiro psicológico, mesmo que temporário, diante da violência constante.

  4. Mercado internacional reage: petróleo e bolsas sofrem menos pressão diante de sinais de trégua.

  5. Diplomacia regional ganha força, abrindo espaço para novos diálogos que antes pareciam inviáveis.


Resumo chamativo

Um cessar-fogo de 60 dias pode parecer pouco diante de quase dois anos de devastação, mas para quem vive no fio da navalha, cada hora conta. A aceitação da proposta pelo Hamas acende uma chama — pequena, vacilante, mas capaz de iluminar caminhos. Agora, a questão é: Israel vai estender a mão ou deixar que o vento apague de novo a esperança?

O futuro dessa trégua depende não só de líderes, mas da pressão de quem acredita que paz não é luxo, é necessidade.

Fonte: bbc

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